O compliance corporativo deixou de ser um diferencial competitivo para se consolidar como um pilar essencial da governança empresarial. À medida que avançamos para 2026, as organizações enfrentam um cenário cada vez mais complexo, marcado por transformações regulatórias, avanço tecnológico, pressão por transparência e maior rigor na responsabilização de dirigentes e empresas.
Nesse contexto, antecipar riscos e estruturar programas de compliance maduros, integrados e efetivos será determinante para a perenidade dos negócios.
1. Regulamentações mais rigorosas e responsabilização ampliada
O ano de 2026 tende a consolidar um ambiente regulatório mais exigente, no qual não apenas as empresas, mas também administradores, conselheiros e gestores passam a ser responsabilizados de forma mais direta por falhas de controle, omissões e decisões estratégicas mal fundamentadas.
Leis anticorrupção, normas de integridade, legislações ambientais, trabalhistas, de proteção de dados e regras setoriais caminham para uma integração maior, exigindo das organizações uma visão sistêmica do risco e não apenas o cumprimento formal de obrigações.
Desafio central: sair do compliance "documental" e avançar para um compliance real, com evidências práticas de prevenção, monitoramento e resposta.
2. LGPD e governança de dados em ambiente de IA e automação
A intensificação do uso de inteligência artificial, automação de processos e análise de dados amplia significativamente os riscos relacionados à privacidade, segurança da informação e uso ético dos dados.
Em 2026, a expectativa é de maior fiscalização, aplicação de sanções e exigência de accountability digital, incluindo:
- mapeamento contínuo de dados;
- registros de decisões automatizadas;
- transparência algorítmica;
- políticas claras de uso de IA.
Desafio central: integrar LGPD, tecnologia e compliance em uma única estratégia de governança de dados, evitando soluções fragmentadas.
3. Compliance trabalhista e riscos psicossociais
O conceito de compliance avança de forma consistente sobre relações de trabalho, saúde ocupacional e ambiente organizacional. Temas como assédio, discriminação, riscos psicossociais e saúde mental passam a ocupar posição central na agenda das empresas.
A simples existência de códigos de conduta não será suficiente. Órgãos fiscalizadores e o Judiciário exigem:
- políticas aplicáveis na prática;
- canais de denúncia efetivos;
- investigações independentes;
- ações preventivas documentadas.
Desafio central: transformar cultura organizacional em evidência concreta de gestão responsável.
4. Cadeia de fornecedores e responsabilidade compartilhada
Em 2026, torna-se cada vez mais clara a responsabilização das empresas por atos praticados por terceiros, parceiros e fornecedores. Due diligence contínua, avaliação de integridade e monitoramento da cadeia produtiva deixam de ser recomendações para se tornar uma exigência de mercado.
Empresas que negligenciam esse ponto assumem riscos relevantes de:
- sanções administrativas;
- danos reputacionais;
- exclusão de contratos e mercados regulados.
Desafio central: estruturar um processo escalável e contínuo de compliance de terceiros, compatível com o porte e o setor da empresa.
5. ESG como eixo estratégico do compliance
A agenda ESG deixa de ser predominantemente reputacional e passa a influenciar diretamente:
- acesso a crédito;
- valuation;
- contratos com grandes players;
- decisões de investidores.
Em 2026, o compliance será cada vez mais cobrado como o mecanismo garantidor da integridade das práticas ESG, exigindo indicadores confiáveis, controles internos e governança bem definida.
Desafio central: alinhar discurso, prática e mensuração, evitando riscos de greenwashing e exposições legais.
6. Cultura, liderança e eficácia do programa de compliance
O maior desafio do compliance em 2026 não será tecnológico ou regulatório, mas humano. Programas eficientes exigem:
- envolvimento real da alta administração;
- liderança ética;
- comunicação clara;
- treinamentos contínuos e práticos;
- autonomia e proteção às estruturas de integridade.
Sem apoio da liderança, o compliance tende a se tornar simbólico, ineficiente e vulnerável.
Desafio central: consolidar o compliance como parte da estratégia do negócio, e não como um projeto isolado.
Considerações finais
O cenário de 2026 exige das empresas uma abordagem mais madura, integrada e estratégica do compliance. Mais do que atender exigências legais, o desafio está em proteger a organização, seus gestores e seu patrimônio reputacional, criando estruturas sólidas de governança e gestão de riscos.
Empresas que antecipam esses desafios não apenas reduzem exposições legais, mas também constroem confiança, sustentabilidade e vantagem competitiva em um mercado cada vez mais exigente.
A Ethics, Compliance & Solutions atua no apoio às organizações que buscam transformar o compliance em um instrumento real de proteção, crescimento e perenidade.

